A canonização dos santos é tão somente o reconhecimento por parte da Igreja de que uma pessoa está no céu.
Ora, será que os apóstolos não criam que depois da morte e ressurreição de Cristo, os patriarcas e profetas estavam no céu, na presença de Deus?
A própria Escritura dá testemunho de que Abraão foi considerado justo pelos apóstolos (cf. Rm 4,3-9; Gl 3,9; Hb 6,15; Tg 2,23). Este reconhecimento de que Abraão estava no céu com Deus é um exemplo de canonização na própria Escritura e já na era apostólica.
Outro exemplo que podemos citar na própria Escritura é a canonização de Estevão. Diz a Escritura que era homem cheio do Espírito Santo (cf. At 6,8). Quando foi martirizado em nome da Fé em Cristo, viu a Glória do Cristo e pediu ao Senhor que recebesse o seu espírito (cf. At 7,55-59). Será que Estevão não foi para o céu? Claro que sim! E foi considerado santo pelo próprio apóstolo Paulo (cf. At 22,20), que assistiu a pregação de Estevão e corroborou com a sua morte. E o bom ladrão que reconheceu Cristo como seu Salvador e que o próprio Senhor lprometeu levá-lo ao paraíso (Lc 23,43), por acaso não é outro exemplo de canonização feita pela própria Escritura?
A canonização não faz parte da doutrina católica, mas da práxis católica. O que faz parte da doutrina católica é a Comunhão dos Santos, não confundir. A práxis católica de se canonizar santos não apareceu em 995 como sugere o autor da pergunta. Depois das provas bíblicas que mostramos, citaremos por exemplo as obras conhecidas na antiguidade como hagiógrafos (atas da vida dos santos). Os hagiógrafos testificavam o reconhecimento pela Igreja de que uma determinada pessoa ou grupo de pessoas era santo e que já gozava da presença de Deus.
A Igreja desde os primeiros séculos reconhecia os mártires como santos (a exemplo de Estevão, considerado o primeiro mártir da Igreja). Ser um mártir da fé era um critério que não deixava dúvidas se uma pessoa devia ser considerada santa, isto é, um modelo na fé, um herói em Cristo e que estava no céu.
Os hagiógrafos mais citados da antiguidade são as atas dos mártires de Lião (177 d.C) e do Martírio de S. Policarpo de Esmirna (250 d.C.), discípulo de S. João (1).
Como se vê, a canonização dos santos, isto é, o reconhecimento de que uma pessoa venceu a corrida (cf. Cl 2,8) e que está com Deus, é uma prática que consta na Bíblia e que sempre foi observada pelos primeiros cristãos.
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